Tendências da gastronomia para 2024

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Este post fala justamente sobre essas novas ondas de criatividade e sustentabilidade, essas experimentações ousadas e resgates culturais, que estão ganhando força.

Estamos vendo um renascimento de técnicas antigas, uma valorização incrível dos ingredientes locais e um foco na saúde não apenas do corpo, mas do planeta.

Então, embora eu prefira evitar o termo “tendências”, convido você a explorar comigo essas novidades gastronômicas que estão moldando o futuro da culinária. Vamos descobrir juntos o que os chefs inovadores estão colocando em seus pratos e o que está fazendo os amantes da boa comida voltarem sempre por mais.

Ingrediente novo na área: a folha de figueira

Foto: banco de imagens (reprodução)

As folhas de figueira têm ganhado destaque nas cozinhas europeias. Não é só pelo sabor único, mas também pela sua versatilidade e valor estético.

Elas têm lá seu apelo cultural, afinal é um ingrediente bíblico: Adão e Eva usaram folhas de figueira como tapa-sexo.

Usadas tradicionalmente em países do Mediterrâneo, as folhas de figueira saem da mesma planta que dá origem aos frutos que já são bem conhecidos do brasileiro. Tem aroma perfumado (herbáceo), doce e terroso.

Com notas aqui e acolá de coco ou até baunilha, tem certa doçura que vai bem com peixes e carnes preparadas rusticamente. Pense nelas como folhas de chá e seus preparos como a água da infusão. Elas conferem certo sabor que complementa outros sabores mais simples.

Não é por caso que já as usem em sorvetes e sobremesas a base de creme. Quer uma receita de exemplo? Confere o ‘Aulis’, um parfait de folhas de figueira com receita do chef Charlie Tayler.

É uma revolução discreta, mas marcante, na forma como entendemos os aromas e sabores.

Além do uso culinário, as folhas de figueira são uma afirmação de sustentabilidade. Em tempos de conscientização ambiental, o uso integral da planta – fruto e folha – ressoa bem. Restaurantes que adotam inovam no menu e transmitem uma mensagem poderosa sobre responsabilidade ecológica.

Mas vamos ser claros: não basta jogar uma folha de figueira no prato e chamar de inovação. O segredo está em como essa tendência é incorporada de forma criativa e harmoniosa nas receitas. Ela deve realçar o sabor, não mascará-lo.

O renascimento dos molhos picantes

Os molhos de pimenta sempre moraram no coração dos brasileiros, mas em versões mais suaves. A novidade é o apelo para ardência. Não estamos falando de qualquer molhinho sem graça, mas de explosões de sabor que desafiam os limites do paladar.

Restaurantes fast food, percebendo a mudança nos gostos dos consumidores, estão abraçando a onda picante. A monotonia de sabores seguros está dando lugar a opções audaciosas, que prometem acender até a alma mais insípida.

Mas não se enganem: há uma arte na produção desses molhos de pimenta.

Não se trata apenas de adicionar calor ao prato; é sobre criar uma experiência gustativa complexa. Os melhores molhos combinam picância com profundidade de sabor.

Essa tendência também reflete uma maior apreciação pela diversidade culinária. Molhos de pimenta de várias partes do mundo estão encontrando seu lugar ao sol, trazendo consigo histórias e tradições. Do habanero mexicano ao gochujang coreano, há uma riqueza de sabores sendo explorada.

No Brasil não faltam variedades de ingredientes. O leque nacional de pimentas envolve, entre outras dezenas, a cambuci (muito usada para rechear), a assîsî e a pimenta baniwa (que vem sendo promovida por vários chefes, em especial Alex Atala).

Voltar os olhos para os molhos de pimenta é mais do que uma moda; é um reconhecimento de que os consumidores estão prontos para aventuras mais ousadas.

Bares e restaurantes com trilha sonoras ultra específicas

Ok, não precisa ser tão específico assim

Esqueça aquela música ambiente genérica ou a playlist top hits do momento.

Estabelecimentos estão apostando em experiências auditivas únicas, criando atmosferas que vão muito além do paladar. É uma imersão temática que começa no ouvido.

Imagine entrar em um bar e ser transportado para a Havana dos anos 50, com ritmos cubanos que fazem você se sentir como se estivesse passeando pelo Malecón.

Ou um jantar no restaurante cuja seleção musical segue estritamente o tema do menu, talvez uma noite italiana completa com clássicos de Napoli. A música não é apenas um fundo: ela é parte essencial da experiência.

Esse movimento de curadoria musical detalhada reflete um desejo crescente por conexões mais profundas e autênticas. A especificidade dá toque de singularidade e personalidade.

Ademais, bares e restaurantes com trilhas sonoras temáticas abrem espaço para a exploração cultural. É uma forma de educação sem esforço, onde cada nota musical é uma janela para um novo mundo. Clientes saem satisfeitos com a comida e enriquecidos culturalmente.

Claro, criar essa atmosfera exige mais do que uma pesquisa rápida no Spotify.

Requer dedicação, conhecimento e uma paixão por contar histórias através da música. Mas o esforço vale a pena. Esses detalhes transformam uma refeição comum em uma aventura memorável.

Restaurantes lançando produtos da própria marca

Alguns dos produtos vendidos pela equipe do Manioca | Foto: Manioca Brasil (reprodução)

A onda de restaurantes e chefs lançando produtos de marca própria é um fenômeno que está remodelando as fronteiras entre a cozinha e o consumidor.

Aqui no Brasil é fácil citar alguns nomes como as dezenas de parcerias que levam o nome de Alex Atala ou lançamentos fortemente vinculados ao nome do restaurante, como os do restaurante Maní.

Eles não estão apenas servindo refeições memoráveis. Eles estão criando produtos que permitem aos fãs levarem um pedaço dessa magia para casa.

Esse movimento é uma resposta astuta à demanda por experiências gastronômicas autênticas fora do restaurante. Ao embalar um pouco de seu brilho culinário em produtos acessíveis, os chefs estão democratizando a alta gastronomia.

Não é mais preciso reservar uma mesa para desfrutar de suas criações. Um pedaço desse mundo pode residir em cozinhas domésticas.

Há um componente cultural nessa partilha. Produtos como molhos, conservas e temperos são embaixadores de suas filosofias culinárias, levando técnicas e sabores exclusivos para um público mais amplo. É uma forma de educar e inspirar, sem a necessidade de um garfo e faca.

Mas não é só sobre vendas. Há uma narrativa de sustentabilidade e responsabilidade social por trás de muitos desses produtos. Ingredientes locais, práticas éticas de produção e apoio a pequenos produtores são frequentemente pilares dessa iniciativa. Assim, ao comprar um produto de marca própria de um restaurante ou chef, o consumidor também está comprando uma história, um conjunto de valores.

Em suma, restaurantes e chefs que lançam suas próprias marcas estão redefinindo o que significa ser um estabelecimento gastronômico no século XXI. Não é apenas sobre alimentar corpos; é sobre nutrir mentes, compartilhar culturas e construir comunidades. E, claro, sobre fazer um molho danado de bom.

O cogumelo desbancando as proteínas de laboratório

Cogumelos como protagonistas na gastronomia não são exatamente novidade, mas a forma como estão desbancando as proteínas de laboratório e as chamadas “falsas carnes” é digna de nota.

Ao contrário de alternativas fabricadas que tentam imitar a carne, cogumelos oferecem uma experiência culinária autêntica e versátil, sem pretensões de serem algo que não são.

A verdade é que os cogumelos têm uma profundidade de sabor e uma textura que podem rivalizar com qualquer proteína animal, sem necessidade de engenharia genética ou processos industriais complexos.

Eles são um testemunho do poder da natureza, capazes de proporcionar uma satisfação umami que muitos buscam na carne, mas com uma pegada ecológica significativamente menor.

A ascensão dos cogumelos reflete um crescente desejo por alimentos integrais e minimamente processados. A cada dia que passa, há ceticismo em relação a alimentos produzidos em laboratório, surgindo os cogumelos como a escolha natural. Eles são facilmente cultiváveis, adaptáveis a diferentes climas e têm um impacto ambiental comparativamente baixo.

Chefs inovadores estão explorando o potencial dos cogumelos, utilizando variedades menos conhecidas para criar pratos que são verdadeiras obras de arte culinária. De entradas a pratos principais, os cogumelos estão sendo celebrados por sua singularidade, não apenas como um substituto da carne.

Eles desafiam a noção de que precisamos de alternativas altamente processadas para substituir a carne, mostrando que a resposta pode ter estado o tempo todo sob nossos pés, ou melhor, em nossas florestas.

E, para quem acha que não há mais nada para descobrir sobre o assunto. Pesquisas estão sendo feitas no Brasil em busca de novos sabores e textura através de espécies de cogumelos nativas da Mata Atlântica. Nesse mini doc da UMAPAZ, conferimos um pouco das pesquisas conduzidas pela Escola de Agroecologia no Parque Nascentes do Ribeirão Colônia (aqui em SP).

O que achou dessas tendências? Se conhecer alguma que vale o comentário, manda aqui embaixo que eu corro para olhar.

Conforme eu vou encontrando mais alguma coisa, eu volto e atualizo este post. E, se você não quer perder essa ou outra novidade que vou lançando por aqui clique nesse sinal vermelho aí do lado na sua tela.

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